"Let's not, and say we did", repete o Alan. Tem sido este, ultimamente, o mantra preferido dele, que enjoou de vez de sair de casa. E segundo ele mesmo conta, o do pai dele antes dele, e antes disso o do avô, e por aí vai. Ou diz que foi. Algo que, com meu parco talento de tradutora, não consigo importar pro português de jeito nenhum. Não com o ritmo e a cadência que eu gostaria, ah, Noga, deixa de frescura e traduz assim mesmo, afinal de contas, não tem ninguém lendo: "a gente não vai, mas diz que foi". Fudeu*. Se estrepou. Criou-se o mito, a mania, a onda: simples assim. Todo mundo diz que foi, mas não vi ninguém lá. Todo mundo tem, mas ninguém usa (até parece vibrador). E aquele best-seller então? Todo mundo comprou, mas ninguém leu. Tô falando de quê, mesmo? Pra quem?
— Ei, você aí! Tá me ouvindo?
— Quem? Eu?
— É. Você mesmo, que me encontrou online.
— Tá falando comigo? Eu, hein! Já fui. Tô fora.
Bato na porta. Grito. Insisto. Mas não acho ninguém. Escrevo para milhões, todo mundo sabe, faço isso faz tempo. Desde que resolvi publicar online, todo santo dia, uma versão vagamente confessa dos meus dramas cotidianos. Draminhas. Dramalhões. Transformados com alguma arte em projeto único de literatura, é. Pra você aí que (não) me lê (nunca), faço do blog um compromisso sagrado, um cultivar diário do ritual de escrever, quase outra religião, ah bom, agora entendi: digamos que eu rezo, mas não tenho a menor fé. Capricho no tema, no toque, no bom ou mau humor do dia, na dor, na nudez* da emoção, no gozo* da poesia. Corrijo a sintaxe com o maior carinho, a grafia, o ritmo. Leio em voz alta feito louca, o dicionário sempre ao lado, ops, na janela do lado. Digamos que eu escrevo, hum. Gosto de escrever, e não tenho mais nada pra fazer. Digo pra todo mundo que tenho um blog, sim, um sucesso de público, muito lido e apreciado, pode publicar aí, Joaquim, no Gente Boa: "Está no ar, totalmente remodelado, o blog da escritora e cronista Noga Lubicz Sklar, retumbante sucesso na blogosfera — onde sua audiência vem crescendo, e em ritmo chinês. Noga autografa no dia 4 de outubro, na Travessa do Leblon, o seu mais recente e pornográfico* romance: Hierosgamos - Diário de uma Sedução."
Tudo pelo leitor, este feitor. Ou melhor: esta ilusão. Sim, gente. Foi pensando em vocês — e claro, naquele chatíssimo, indesejadíssimo pop-up do Mercado Livre que tanto nos atormentava — que eu mudei de contador, e foi aí que a coisa pegou: acabei descobrindo que oitenta e quatro por cento da minha querida, valorizadíssima audiência, que me enche tanto a bola, passa menos de 5 segundos por aqui, ouviu?
— Hei, você! Peraí, volta aqui, pô! Fica mais um pouco!
Inútil, já era. Paciência. Pesquiso e descubro que isso acontece nos melhores blogs, verdade: coisas da ingrata blogosfera. E por causa disso, ou melhor, apesar disso, o Noga Bloga volta hoje a ser o que sempre foi: um espaço aberto, democrático e transparente, onde me mostro inteira e provo por a+b — e outras 21 letrinhas, parágrafos, travessões e vírgulas, claro — ser uma escritora única, erótica*, ousadíssima, genialíssima, injustiçada... e não-sei-por-que-cargas-d'agua, ainda inédita. Azar de quem não me lê, viu? Perdeu. Perdeu. Não gostou? E daí? Eu sim. Afinal de contas, ninguém me lê a não ser eu mesma, e francamente: não existe, atualmente, escritora melhor do que eu, espelho, espelho meu.
Resistiu até aqui (são 5%! só 5%!)? Pois saiba que aqui se pratica literatura, sim, a verdadeira, a amadora, a de quem escreve por puro amor à arte de escrever. Nada dessa chatice, dessa obrigação careta de ser profissional. O que não dá dinheiro, mas pelo menos, dá uma liberdade danada. Tchauzinho. Cansei, vou pra praia agora e pronto. Ninguém tem nada com isso.
* ah, sim. te peguei. essa foi só pra gerar tráfico, viu? ops. tráfego. dos sites de busca. entendeu?
— Ei, você aí! Tá me ouvindo?
— Quem? Eu?
— É. Você mesmo, que me encontrou online.
— Tá falando comigo? Eu, hein! Já fui. Tô fora.
Bato na porta. Grito. Insisto. Mas não acho ninguém. Escrevo para milhões, todo mundo sabe, faço isso faz tempo. Desde que resolvi publicar online, todo santo dia, uma versão vagamente confessa dos meus dramas cotidianos. Draminhas. Dramalhões. Transformados com alguma arte em projeto único de literatura, é. Pra você aí que (não) me lê (nunca), faço do blog um compromisso sagrado, um cultivar diário do ritual de escrever, quase outra religião, ah bom, agora entendi: digamos que eu rezo, mas não tenho a menor fé. Capricho no tema, no toque, no bom ou mau humor do dia, na dor, na nudez* da emoção, no gozo* da poesia. Corrijo a sintaxe com o maior carinho, a grafia, o ritmo. Leio em voz alta feito louca, o dicionário sempre ao lado, ops, na janela do lado. Digamos que eu escrevo, hum. Gosto de escrever, e não tenho mais nada pra fazer. Digo pra todo mundo que tenho um blog, sim, um sucesso de público, muito lido e apreciado, pode publicar aí, Joaquim, no Gente Boa: "Está no ar, totalmente remodelado, o blog da escritora e cronista Noga Lubicz Sklar, retumbante sucesso na blogosfera — onde sua audiência vem crescendo, e em ritmo chinês. Noga autografa no dia 4 de outubro, na Travessa do Leblon, o seu mais recente e pornográfico* romance: Hierosgamos - Diário de uma Sedução."
Tudo pelo leitor, este feitor. Ou melhor: esta ilusão. Sim, gente. Foi pensando em vocês — e claro, naquele chatíssimo, indesejadíssimo pop-up do Mercado Livre que tanto nos atormentava — que eu mudei de contador, e foi aí que a coisa pegou: acabei descobrindo que oitenta e quatro por cento da minha querida, valorizadíssima audiência, que me enche tanto a bola, passa menos de 5 segundos por aqui, ouviu?
— Hei, você! Peraí, volta aqui, pô! Fica mais um pouco!
Inútil, já era. Paciência. Pesquiso e descubro que isso acontece nos melhores blogs, verdade: coisas da ingrata blogosfera. E por causa disso, ou melhor, apesar disso, o Noga Bloga volta hoje a ser o que sempre foi: um espaço aberto, democrático e transparente, onde me mostro inteira e provo por a+b — e outras 21 letrinhas, parágrafos, travessões e vírgulas, claro — ser uma escritora única, erótica*, ousadíssima, genialíssima, injustiçada... e não-sei-por-que-cargas-d'agua, ainda inédita. Azar de quem não me lê, viu? Perdeu. Perdeu. Não gostou? E daí? Eu sim. Afinal de contas, ninguém me lê a não ser eu mesma, e francamente: não existe, atualmente, escritora melhor do que eu, espelho, espelho meu.
Resistiu até aqui (são 5%! só 5%!)? Pois saiba que aqui se pratica literatura, sim, a verdadeira, a amadora, a de quem escreve por puro amor à arte de escrever. Nada dessa chatice, dessa obrigação careta de ser profissional. O que não dá dinheiro, mas pelo menos, dá uma liberdade danada. Tchauzinho. Cansei, vou pra praia agora e pronto. Ninguém tem nada com isso.
* ah, sim. te peguei. essa foi só pra gerar tráfico, viu? ops. tráfego. dos sites de busca. entendeu?
2 comentários:
Disse ontem ao meu marido que a única coisa que faço por pura delícia atualmente não me dá um centavo.
E tenho um blog, como você, onde tento mostrar essa delícia pelo menos aos amigos.
Nem eles...
Super beijo!!!
P.S.: Em breve estarei no blogspot.
chica abusada essa noga, eu gosto. combina ouvindo yann tiersen, sabe? aquele das trilhas da amelie e do good bye lenin mas que é muito mais.
praia, delícia, beijo
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