segunda-feira, 30 de julho de 2007

Patos

Diante daquele céu desacostumado com olhos tão quentes naquele hotel desabituado com barulhos, uma cortina rosa claro amanhecia nem tão cedo assim. Nadar com patos não era alguma coisa feita com freqüência e lhe parecia o mais provável para aquele dia de sol frágil de verão europeu. O corpo acordava ágil das estripulias da madrugada doce . Ele já bem logo voltaria mas ali estava olhando com ela pela fresta com todo o tempo possível aquele cenário de fabula que logo evaporaria com o álcool. Mas havia alguma tensao sublime naquela companhia mesmo que na banheira sofisticada tivessem se misturado espuma e musica e o dia prometesse boas braçadas junto com os patos. Sentaram na beira do lago meio suburbanos meio turistas meio amantes meio coléricos com o desenrolar daquilo que já se sabia. Nada mais impermanente que a felicidade de uma companhia . Os patos não lhes evitavam, havia um ar seco nas peles, cada cabeça uma sentença. Os olhos pouco se encontravam mas as pernas... Ah, as pernas se trancavam num caminho rápido e a plataforma no meio do lago balançava. Quando ele decidiu pular na água fria um séqüito se formou em volta dela, de brucos, cercada de braçadas de javali, rodeando sua moca que já voltaria pralgum lugar noutra manha, numa cidade que não seria dela, nem sua. Ele apertava o ritmo, pulmões já de um muco levemente desenhado de nicotina, ela torcia pra que ele voltasse, se ele afogasse, se ele afogasse.

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