sexta-feira, 27 de julho de 2007

Nos bastidores sexuais da linguagem

Para os desavisados, soa apenas como mais uma crônica gastronômica de Deise Novakoski, e com um leve toque a mais de humor. Mas pra quem presta atenção na linguagem das ruas através dos tempos, e guarda delas um abrangente glossário mental, o artigo de hoje no Rio Show está digno da ironia cortante de um George Carlin, pra não arriscar um conterrâneo Joaquim Ferreira dos Santos, que pelo menos no Gente Boa adora um assunto desses. Fala sério. Um bom cronista não poderia passar por essa. Ou será...? Que ela teve mesmo a intenção velada?
Já começa pelo título: "ralando o coco de costas". No primeiro parágrafo: Helô Sampaio... lançou o livro "Bem comida - crônicas e delícias da Bahia". E passa sem pudor nenhum para uma discussão sobre ralar o coco de costas e ralar o coco de frente. Uai, gente. Não tenho muita prática no assunto, mas sempre achei que de frente era melhor, né não? A conversa prossegue quando Helô explica a Deise, a quem carinhosamente chama de "minha polaca querida": "não é tu que fica de costas; é o coco". E a cronista não pára aí: relata um caso de amor à primeira vista com a batida de coco, chega ao ponto de confessar que rala o coco de joelhos e, justificando o ato falho com um pileque homérico, acaba deixando o coco rolar. Ops. Ralar.
Ah, gente: entendi. O nome da coluna dela é "Três Doses Acima", ponto pra Deise que hoje passou de cinco. Eu mesma, pra ralar o coco uma única vez, precisei de bem mais que isso: um vasto porre de sangria em Madri. Quanto à Deise, continua sem saber se é melhor ralar o coco de frente ou de costas e acha que tem alguma coisa cabalística nisso: um mistério que só as iniciadas no assunto têm o poder de elucidar. Cartas para a redação de O Globo.

PS. tá bom, tá bom: pra quem não tem idade pra entender nadinha do que escrevi aí em cima, "polaca", numa gíria antiga pacas, queria dizer "prostituta". quanto ao rala-coco, gente, deixa pra lá. não é mesmo a minha praia, as companheiras que me desculpem, mas como cronista, eu não podia deixar passar.

2 comentários:

Simone Couto disse...

Noga, isto é crônica, e dá boa!

Viva o coco!

Bjs, Simone

Simone Couto disse...

Passei agorinha pelo teu blog, adorei. Parabéns.

Bjs, simone