domingo, 7 de outubro de 2007

Seja um você também

A gente cria. Escreve. Publica. Livros. Blogs. Comunidades. Mas no vamos ver, vamos viver de quê? A coisa, entre outras coisas, tem me encucado. Andei buscando uma solução. E a encontrei.
Fiquei devendo pra Martha Medeiros no outro post mas me redimo hoje, com citação e tudo. (Morde e assopra é comigo mesmo. Mas não é por ser puxa-saco, ou por insegurança, ou por pena. Nada disso. É que digo o que penso, e se for de amigo e não for o melhor, o mais elogioso, logo me arrependo. Não de dizer a minha verdade, hum, mas de pensar e sentir aquilo, fazer o quê.) Na Revista deste Domingo, Martha mostra porque é mesmo uma deusa, vai lá. Concordo com ela em conceito, exemplo e atitude, vejam só: "Não se sinta culpado por pensar em si próprio. Cuide do seu espírito, do seu humor. Arrume seu cotidiano. Agora sim, vá em frente e mostre aos outros como se faz."
Detto e fatto, bem, não é tão fácil. Arrumar como? Diz o Globo que existe escassez de 20 mil engenheiros no país, em todas as áreas. Bem. Nem todo mundo quer (ou pode) ser engenheiro. E a vida de artista, como é que fica? De escritor? De blogueiro? Vender livro, já se viu, dificilmente é solução pra bolso. Emprego em jornal, nem pensar, como disse uma amiga no outro dia: "nem dando pro Xexéo", ah, tá bom. Melhor deixar pra lá. A gente tem o que dizer, vai e diz: escreve no blog, e não é coisa pouca. Exige pesquisa, criação, revisão e edição, fotos, links, cuidado. Ou vocês pensam que só leva um segundo? Não, gente. É trabalho, trabalho sério. Do bom. Vai daí que eu já tinha pensado: com essa audiência toda, imagine se cada um que te curte resolve te patrocinar, hum, digamos, com cinco reais por mês. Nem falo daquelas visitas todas que o contador mostra, não mesmo, falo dos 10 por cento que te lêem mesmo, ficam mais de uma hora contigo todo dia, sacou? Hum... um, dois, cinco reais, mas só quando a gente quiser, se der vontade de apreciar um texto bom, sem vínculo ou compromisso. Gostou? Patrocine. De NY, comenta aqui no blog a Simone K. : "Como sabe o doar aqui, ou a falta dele, pode até ser um motivo de vergonha. Trabalho voluntário é a forma mais popular, não? Se a gente não faz, o vizinho reclama."
Ah, sim. Brasileiro não dá nada de graça pra ninguém, mas bem que a gente podia mudar um pouco isso. Um amigo meu, artista como eu, achava humilhante um link que eu tinha aqui no blog, pra doações no PayPal: acabei apagando. Mas continuei pensando: uai, gente, humilhante por quê? É humilhante ser apreciado? Ser pago por seu trabalho? Já faz um bom tempo que me debato com a questão; como "trabalhadora da luz", o dilema era o mesmo: trabalhar pode; cobrar não. E nesses tempos de ascensão, quem é esotérico sabe bem do que estou falando: fala-se muito em mudanças radicais, em um novo ambiente de altíssima energia onde cada um só faz o que lhe dá prazer. Muito belo. Muito bom. Mas a pergunta persiste: se o nosso mundinho tresdê ainda funciona à base de dinheiro, como é que se vai sobreviver? Novas formas de viver? E quais seriam? Hein?
A web é uma resposta, com certeza. Uma mente coletiva: troca de idéias e ideais, um celeiro criativo de tudo. Dos engenheiros (a troco de salário, gente, pra eles não falta emprego!) vêm as ferramentas. Dos artistas, o conteúdo: todo mundo usa e abusa, e online, se doa de graça, não tem o menor problema. A web já está no futuro, no admirável mundo novo onde a gente só faz o que quer, e não precisa de dinheiro: é muito maior do que o Second Life. It's the One and Only Life.
Eu penso, gente, e penso muito. Vai daí que surgiu essa idéia de patrocínio voluntário de blogs. Gostou? Patrocine. Não espere o governo, o bolsa-família, o Ministério da Cultura, o prêmio, a lei, a corrupção. Nem precisa de projetos complexos, de concorrência ou aprovação. Gostou? Patrocine. Simples assim.
Pode ser que funcione. Pode ser que não. Mas é, certamente, uma opção. Faço como a Martha diz: penso em mim, começo por mim, ensino como se faz, e... bem. Espero que façam o que eu digo. E faço. Bom domingo pra vocês, e pra mudar de vida hoje mesmo, seja um MEMO* você também.

* MEMO: mecenatomoderno.org, um jeito web de mudar sua vida, e a vida de quem você curte. Visite o site. Participe da Comunidade.

3 comentários:

Giovana disse...

Ufa!
Pra você que é profissional já é complicado. Imagine pra nós, principiantes, e o pior, de uma cidade do interior.
Há poucas semanas, logo depois da FLIP, um jornal daqui me procurou interessado em publicar minhas crônicas. Mas, como colaboradora.
Prefiro pensar que pode ser um bom começo. Afinal, a Martha também começou assim.
Otimista, né?
Super beijo!!

Anônimo disse...

eu achei lindo de morrer esse post, principalmente porque encabeço a lista dos que pedem. não, não é falta de pudores ou dna de nordestina pedinte! o fato é que se eu for ficar paradinha enquanto as coisas não podem me acontecer pelo motivo financeiro, putz: tô lascada! e me revelo: para estar na FLIP, em julho, fiz caixinha messssssmo. imaginem aí sair de fortaleza-ridejânero-paraty em plena alta estação, em tempos de panamericano?! precisava no mínimo ter um emprego, o que ainda não o tenho, mas.
pois bem, cada amigo contribuiu com dez pilas. quem podia incentivava mais. prefeituras, vereadores, mãe, pai, amigos do orkut mundo afora. peir não é feio. e dizer não, também não.
a gente tem mania de complicar tudo. sempre. eu gosto da idéia. deveras.
eu digo sim.
bejos em todos.

Noga Sklar disse...

Giovana: profissional, euuu???
annak: pois, então, participe, vai lá: www.mecenatomoderno.org, quem sabe rola, não é? ainda mais com o seu talento, by the way, não sabia que vc mora em Fortaleza.