foto original publicada no NY Times em 20 dez

"Talvez você nem saiba", afirma o NY Times. "Mas a cor do ano foi o vermelho pimenta ardido." Faz sentido. Afinal de contas, neste nosso ano sem graça de 2007 não faltou sabor, nem fogo, nem lágrimas, mas, ops, melhor entrar logo num acordo: foi mesmo um ano sem graça, ou um ano pra lá de agitado, ardido como pimenta? Sim. Deixemos assim. Porque aquele outro trocadilho que nos vem à mente, mais condizente com alguns dos fatos... vocês sabem, não convém a gente repetir: dizem por aí que atrai.
Foi um ano ruim para as artes. Ou pelo menos, é o que diz o jornal, promovendo o encontro final da arte com a violência. Pra alguma coisa valeu: só assim a cultura, enfim, ganha uma primeira página.

Mas peraí: resta sim, alguma luz. E ela nos chega, pasmem, pelas mãos do mesmo mercado que costuma tirá-la de nós, sei lá, só pra incentivar o consumo: o azul foi declarado a cor do ano de 2008. "A escolha do azul", diz a responsável pela novidade, "responde a várias necessidades, desejos, esperanças, este tipo de coisa." Oba. "Emocionalmente é calmante, meditativa, com um toque de magia", disse ela, deixando de fora o Partido Democrata. O perigo é que o azul, vocês sabem: em inglês significa triste, deprimido, desanimado, o oposto exato da energia explosiva de um vermelho. Ainda bem que em português não tem nada disso, melhor deixar isso de lado, optar pelo lado bom. Ou a gente ainda acaba roxo. Sufocando de tanta raiva.
Que a doçura relaxante do blues — meio triste, tá certo, mas bem mais gostoso que barulho de tiroteio — embale o seu ano novo. Tudo azul. Certo. Recado entendido. Agora vem cá: dá pra entrar num acordo e devolver nossa arte roubada?
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