terça-feira, 20 de novembro de 2007


Que venha o Natal

É inevitável. Todo ano, nesta mesma época, escrevo algumas linhas sobre Natal, fim do ano, meus sentimentos em relação a esse momento turbulento do nosso calendário. Já me confessei avessa a tudo isso. Há muito tempo deixei de gostar das festas natalinas, da própria ceia familiar também. Quando entra o mês de novembro e ouço os conhecidíssimos jingles das grandes lojas, me arrepio. Pronto. Vai começar tudo de novo.

Já não consigo sentir o tal espírito de Natal que todo o mundo fala. Claro, sei que ele existe; é uma questão de energia. Mas, a meu ver, ele ficou esquecido um tempo atrás desse tempo que vivemos hoje. Do consumismo psicopatológico, das confraternizações regadas a litros de bebida alcoólica e às conseqüentes centenas de acidentes, muitos deles fatais. Isso é espírito natalino?

Já não encontro mais paciência para sair de casa dirigindo meu carro (e olha que moro em cidade pequena). É trânsito lento, todos querendo encontrar vaga no mesmo lugar na área central da cidade, buzina pra todo lado, motorista nervozinho (aquele que sempre acha que sua pressa é maior que a dos outros), esbarra-esbarra dentro do shopping, fila em restaurante. Também não vejo espírito natalino nessa efervescência.

Quem me lê poderá dizer que sou uma chata, fria e insensível. Talvez. Tornei-me exigente, acredito. Aprendi desde pequena qual o verdadeiro sentido do Natal, o porquê dele existir e creio que isso não mudou. As pessoas é que mudaram, exacerbaram a festa, que deveria ser meditativa e fraterna, transformando-a muitas vezes em um carnaval consumista. Só se pensa em presente, churrasco, bebidas, presente, churrasco, bebidas e... o que mais?

Chega a ser deprimente o número de jovens pelas ruas, exibindo suas latas de cerveja como se fossem troféus. Com gritos de “É Natal! É Natal!”, saem na madrugada, com braços e corpos para fora dos carros, festejando... o quê?

Ninguém pense que não promovo e curto meu Natal, meio às avessas, é claro, mas cumpro o ritual. Já montei minha árvore junto com meu filho, instalei e acendi as luzes do anjinho pendurado na janela, e ainda estou procurando uma guirlanda ao meu gosto para a porta. O filhote reclamou de poucas luzes, portanto, penso em comprar e instalar mais. E vamos preparar a casa para o Natal!

Enfim, vou passar por todo o roteiro de compras, visitas, encontros, confraternizações, igualzinho ao do ano passado, que no próximo ano vai ser igual novamente, e no outro, e no outro. Não gostar disso ou daquilo, ficar triste com esse ou aquele, me irritar com outro montão de coisas e situações. Não tenho escapatória, a não ser me trancar em casa, tomar um sonífero e acordar dia 5 de janeiro. Como não vai dar para ser assim, que venha o Natal. Vou fazer tudo direitinho, como mamãe ensinou.

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