Isso mesmo senhoras e senhores. Quem disse que uma vida repleta de bons casos de amor – esses derramados de deixar cabelo branco, o peito cheio e a gente mais livre – não equivale a uma formação maravilhosamente diversa, pra não usar outros termos pernósticos, e que dá sustança pra gente continuar a andar mais sagaz e elegante?
Foi conversando de manhã com umas amigas que eu percebi que as três tinham aprendido a tomar café da manhã com seus amores, os atuais ou passados. Débora me explica que o ex-namorado combinava os elementos como ninguém e defendia a refeição primeira do dia com ardor. Raquel lembra com romantismo do ritual do café, o pinga pinga do coador velhinho, a toalha com pontos geográficos e as canecas diferentes de cada dia do amor da vida, daqueles que vão mas não passam. Érica se emociona porque o esforço do amado no preparo de misto quente e suco de laranja veio na hora em que mais precisava, mudança de cidade, sem pouso e com as malas pelo chão, o tempo do café era o carinho necessário.
E pode ser a única que exista. Porque talvez desses tempos todos, nenhuma delas se lembra do aluguel atrasado ou do texto que entregou, publicou, dos clientes que ganhou ou do quanto a conta bancária ficou mais ou menos gorda. O café da manhã, simples assim. Se trocarmos café da manhã por emoção, dá no mesmo.
Sim, há lugares mais ou menos propensos para a universidade do amor. Há quem diga que em São Paulo não dá pra praticar com o fervor merecido. Mas tem o argumento de que é possível, com mais rapidez em cada crédito. Aulas no nove da esteira. Ao invés de um café da manhã inteiro, um cafezinho de balcão na friagem do Alto de Pinheiros, uma conversa de carona na doutor Arnaldo passando pelas floristas do cemitério, uma volta corrida na Benedito Calixto pra depois se empanturrar de torresmo no consulado mineiro. Como diz a Nara, que voltou reencarnada em Fernanda takai, com açúcar e com afeto ta valendo.
sábado, 5 de abril de 2008
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