De Simone Silveira Kaplan
Mais uma viagem ao Brasil e me dou conta o quanto o carioca é inventivo no que diz respeito à linguagem. A gíria está no ar, a gente respira sem opção e logo, bumba! Lá vem ela, toda cheia de graça.
“Vai bombar, Simone. O Ano Novo vai bombar,” meu querido companheiro literário Bruno Vaks afirma entusiasmado, entre uma garfada do cabrito bem assado no Nova Capela, restaurante cheio charme no coração da Lapa, e uma golada no chope estupidamente gelado.
Eu por outro lado, entre tantas gírias passageiras que tento aprender às pressas para não ficar demode, Desta vez assumi a cafonice. Já aderi ao “ninguém merece”, ao “tá de brincadeira”, mas ao “bombar…” Sei não, soa à violência.
Noite seguinte, resolvo ir balançar o esqueleto lá no Carioca da Gema, outro “point” legal da Lapa. Um amigo, possivelmente entediado, sugere a Quadra de Samba da Mangueira. “Uma e trinta da manhã, Já deve está bombando por lá, está afim?” diz ele. Claramente não estava pois não movi um dedo em direção à Estação Primeira. Além do mais, a cantora do Carioca começava os primeiros acordes de “Roda Viva,” do Chico Buarque. Arrastei a saia, gritei o hino e até me dei conta, espremida entre tantos corpos suados que a música fizera meus pêlos se arrepiarem. “Ô coisa boa,” pensei, “ainda sou brasileira da gema. Daqui ninguém me tira!”, declarei triunfante.
(Rio ignorado pelas autoridades máximas do Brasil. Rio vomitando violência que já não habita só as favelas com suas ruas nuas, população sem lenço e sem documento. O sol é tão bonito e ainda se reparte em crimes já banalizados pela ocorrência cotidiana, agora no morro e fora dele. O Rio é um só, o povo também. Quando a violência vira moda, é hora de parar e se perguntar— Que país é este? E agir.)
Mais uma viagem ao Brasil e me dou conta o quanto o carioca é inventivo no que diz respeito à linguagem. A gíria está no ar, a gente respira sem opção e logo, bumba! Lá vem ela, toda cheia de graça.
“Vai bombar, Simone. O Ano Novo vai bombar,” meu querido companheiro literário Bruno Vaks afirma entusiasmado, entre uma garfada do cabrito bem assado no Nova Capela, restaurante cheio charme no coração da Lapa, e uma golada no chope estupidamente gelado.
Eu por outro lado, entre tantas gírias passageiras que tento aprender às pressas para não ficar demode, Desta vez assumi a cafonice. Já aderi ao “ninguém merece”, ao “tá de brincadeira”, mas ao “bombar…” Sei não, soa à violência.
Noite seguinte, resolvo ir balançar o esqueleto lá no Carioca da Gema, outro “point” legal da Lapa. Um amigo, possivelmente entediado, sugere a Quadra de Samba da Mangueira. “Uma e trinta da manhã, Já deve está bombando por lá, está afim?” diz ele. Claramente não estava pois não movi um dedo em direção à Estação Primeira. Além do mais, a cantora do Carioca começava os primeiros acordes de “Roda Viva,” do Chico Buarque. Arrastei a saia, gritei o hino e até me dei conta, espremida entre tantos corpos suados que a música fizera meus pêlos se arrepiarem. “Ô coisa boa,” pensei, “ainda sou brasileira da gema. Daqui ninguém me tira!”, declarei triunfante.
(Rio ignorado pelas autoridades máximas do Brasil. Rio vomitando violência que já não habita só as favelas com suas ruas nuas, população sem lenço e sem documento. O sol é tão bonito e ainda se reparte em crimes já banalizados pela ocorrência cotidiana, agora no morro e fora dele. O Rio é um só, o povo também. Quando a violência vira moda, é hora de parar e se perguntar— Que país é este? E agir.)
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