aconteceu de novo, amor. eu vinha aflita, elétrica, aos prantos, o mundo girando aqui dentro num desenfreado absurdo. eu só pensava na chuva que não cai e por isso não encharca minha pele. o sol indo embora na avenida que divide os perímetros duma cidade e no meio dos desvãos das possibilidades eu sou apenas mais um corpo estendido ao solo.
as cilindradas da moto alcançam a absurda velocidade de frear meus pensamentos. acertada em cheio na perna e na pele, os fragmentos estilhaçados da pseudo-construção de um ser-alicerce: tudo ao chão.
estancou a moto, disparou o sangue. o arroxeado na perna direita, as mãos em carne-viva e a menina de água-viva deixa-se ferir por nada.
levanta do solo, pés andantes na flutuação estelar. uma hora cicatriza, eu sei. respiro fundo e caminho outro passo. ainda preciso atravessar a avenida e te encontrar, amor.
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