----- Original Message -----
From: Noga Lubicz Sklar
To: Ana Beatriz Guerra
Sent: Saturday, October 13, 2007 12:16 PM
Subject: Há críticas demais
Oi, Bia
Em primeiro lugar, parabéns pela resenha no Prosa & Verso: sempre ajuda em alguma coisa. Se a menciono é mais para rebatê-la, rsrs, agora que já terminei de ler seu livro. Fiquei meio atrasada porque me envolvi numa loucura de projeto, se tiver tempo dá uma olhada: http://www.mecenatomoderno.org/.
Curti demais o "Amor em Pílulas", o conto, e as listas da segunda parte. Entre os outros contos de alguns gosto mais, de outros menos. Acho que ando com uma certa birra de personagens de ficção, sei lá, e engasguei um pouco, em raros momentos, no ritmo da prosa. Até concordo com a crítica de Beatriz Resende quando diz, sem dizer muito, que a escrita cresce ao longo do livro, mas não entendo essa insistência em exaltar "a crueldade demais" em detrimento do "amor demais". É por isso que o mundo não vai pra frente. Ou vai, mas segue tropeçando. Digo isso, claro, sem conhecimento de causa. Ainda estou no amor; não cheguei na crueldade e queira Deus que não chegue nunca (fora do livro, I mean). Isto dito, não vi crueldade demais nos "Contos de loucura", apenas desamparo: o outro lado, o lado sombra do amor, que o faz valer ainda mais a pena. Pois loucura é exatamente isso: o avesso, a falta total de amor.
Achei o "Dermografismos" muito interessante, neste ponto concordo com a Beatriz. É baseado no filme do Greenaway, não? Adorei o texto decalcado nos lençóis, sério, foi o que gostei mais que tudo, é dessas coisas que faz a gente ainda se animar com a literatura.
Quanto às listas, que sua semi-xará considera apressadas, você já sabe: eu achei lindas. Que mania de criticar a criação alheia por algo que você mesmo não entende! Pô! As listas, digo e repito, são lindas, e deixam ao espectador o trabalho de elaborá-las, ou digeri-las. Ponto pra elas. Ponto pra eles.
A gente cresce fazendo, Bia, não vejo porque você deveria esperar mais. Tem muita gente grande por aí que não é digna de lamber os seus pés, e muito escritor imaturo fazendo sucesso com textos menores, só porque são queridinhos da mídia.
Já tenho na cabeça a primeira frase do meu artigo: "o talento promissor da escritora Ana Beatriz Guerra me serve de consolo", ou algo assim, querendo com isso, claro, lucrar alguma coisa ao afirmar que fazemos parte da mesma turma de escritoras não-devidamente-reconhecidas. Afinal de contas (apud "Amor em Pílulas", página 119), também preciso da grana, mas não é por causa disso que te resenho. É só por amor à literatura, entende? E pra evitar sofrer um dia a dor do seu personagem, que injeta a realidade da cocaína na veia porque "já não suporta mais viver de ilusões".
Me aguarde. Beijos! N
From: Noga Lubicz Sklar
To: Ana Beatriz Guerra
Sent: Saturday, October 13, 2007 12:16 PM
Subject: Há críticas demais
Oi, Bia
Em primeiro lugar, parabéns pela resenha no Prosa & Verso: sempre ajuda em alguma coisa. Se a menciono é mais para rebatê-la, rsrs, agora que já terminei de ler seu livro. Fiquei meio atrasada porque me envolvi numa loucura de projeto, se tiver tempo dá uma olhada: http://www.mecenatomoderno.org/.
Curti demais o "Amor em Pílulas", o conto, e as listas da segunda parte. Entre os outros contos de alguns gosto mais, de outros menos. Acho que ando com uma certa birra de personagens de ficção, sei lá, e engasguei um pouco, em raros momentos, no ritmo da prosa. Até concordo com a crítica de Beatriz Resende quando diz, sem dizer muito, que a escrita cresce ao longo do livro, mas não entendo essa insistência em exaltar "a crueldade demais" em detrimento do "amor demais". É por isso que o mundo não vai pra frente. Ou vai, mas segue tropeçando. Digo isso, claro, sem conhecimento de causa. Ainda estou no amor; não cheguei na crueldade e queira Deus que não chegue nunca (fora do livro, I mean). Isto dito, não vi crueldade demais nos "Contos de loucura", apenas desamparo: o outro lado, o lado sombra do amor, que o faz valer ainda mais a pena. Pois loucura é exatamente isso: o avesso, a falta total de amor.
Achei o "Dermografismos" muito interessante, neste ponto concordo com a Beatriz. É baseado no filme do Greenaway, não? Adorei o texto decalcado nos lençóis, sério, foi o que gostei mais que tudo, é dessas coisas que faz a gente ainda se animar com a literatura.
Quanto às listas, que sua semi-xará considera apressadas, você já sabe: eu achei lindas. Que mania de criticar a criação alheia por algo que você mesmo não entende! Pô! As listas, digo e repito, são lindas, e deixam ao espectador o trabalho de elaborá-las, ou digeri-las. Ponto pra elas. Ponto pra eles.
A gente cresce fazendo, Bia, não vejo porque você deveria esperar mais. Tem muita gente grande por aí que não é digna de lamber os seus pés, e muito escritor imaturo fazendo sucesso com textos menores, só porque são queridinhos da mídia.
Já tenho na cabeça a primeira frase do meu artigo: "o talento promissor da escritora Ana Beatriz Guerra me serve de consolo", ou algo assim, querendo com isso, claro, lucrar alguma coisa ao afirmar que fazemos parte da mesma turma de escritoras não-devidamente-reconhecidas. Afinal de contas (apud "Amor em Pílulas", página 119), também preciso da grana, mas não é por causa disso que te resenho. É só por amor à literatura, entende? E pra evitar sofrer um dia a dor do seu personagem, que injeta a realidade da cocaína na veia porque "já não suporta mais viver de ilusões".
Me aguarde. Beijos! N
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