Habitam em mim duas mulheres bem diferentes. Uma é uma menininha tímida, carente, a rejeitadinha, que se esconde no escuro do armário e até pra respirar precisa da aprovação dos outros. Filha de pais exigentes, se culpa por tudo e não importa o que ela faça nada é bom o bastante, tudo dá sempre errado e há pouca esperança de mudança.
A outra é uma artista: A Escritora. E artista (segundo a voz corrente) é um ser sobre-humano — ou sub, sujeito a interpretações —, sem moral e sem escrúpulos, um assassino cruel e frio que não hesita nunca e se tiver que matar por sua arte, mata. A artista em mim mata a mãe, mata o pai, trai os amigos e age por puro interesse. Beija a lona várias vezes por dia, se levanta, sacode a poeira e ousa oferecer a outra face. Passa por cima de tudo e nada a detém. Se achar que a causa é boa exibe intimidades, grava o sexo com o marido e bota no YouTube. Tortura o tempo todo a menininha que sofre, coitada, forçada sem defesa a impensáveis atitudes. Sem ter como escapar a pobrezinha pena, se arrepende de tudo, vive pedindo desculpas, encharcando de vergonha o travesseiro à noite.
Mas nesta quinta não queremos brigar. Blogaremos na Travessa do Leblon ao vivo, as duas disputando a tapa um sorriso no meu rosto. Quem vai vencer a outra? Não sei, são vocês que decidem. Pra falar francamente, espero que seja a artista, porque a menininha, coitada, de tão fraquinha, não irá muito longe. Já a artista, todo mundo sabe. Quando reconhecido, o artista logo se torna um doce, vira este ser generoso que é simpático em público, banca as noitadas e favorece os amigos. Distribui benesses, sai bem na foto e não recusa entrevista. Trata bem a imprensa, ou será que é a imprensa que trata bem dele? Se compromete até com a chata da menininha, a cuidar direitinho dela e alimentá-la a pão-de-ló, conversar calmamente com ela e a convencer, por a+b, que papai e mamãe erraram desde o início: a menininha e a artista não são inimigas, e pra falar a verdade, foram sempre a mesma pessoa.
Nos vemos todos lá.
A outra é uma artista: A Escritora. E artista (segundo a voz corrente) é um ser sobre-humano — ou sub, sujeito a interpretações —, sem moral e sem escrúpulos, um assassino cruel e frio que não hesita nunca e se tiver que matar por sua arte, mata. A artista em mim mata a mãe, mata o pai, trai os amigos e age por puro interesse. Beija a lona várias vezes por dia, se levanta, sacode a poeira e ousa oferecer a outra face. Passa por cima de tudo e nada a detém. Se achar que a causa é boa exibe intimidades, grava o sexo com o marido e bota no YouTube. Tortura o tempo todo a menininha que sofre, coitada, forçada sem defesa a impensáveis atitudes. Sem ter como escapar a pobrezinha pena, se arrepende de tudo, vive pedindo desculpas, encharcando de vergonha o travesseiro à noite.
Mas nesta quinta não queremos brigar. Blogaremos na Travessa do Leblon ao vivo, as duas disputando a tapa um sorriso no meu rosto. Quem vai vencer a outra? Não sei, são vocês que decidem. Pra falar francamente, espero que seja a artista, porque a menininha, coitada, de tão fraquinha, não irá muito longe. Já a artista, todo mundo sabe. Quando reconhecido, o artista logo se torna um doce, vira este ser generoso que é simpático em público, banca as noitadas e favorece os amigos. Distribui benesses, sai bem na foto e não recusa entrevista. Trata bem a imprensa, ou será que é a imprensa que trata bem dele? Se compromete até com a chata da menininha, a cuidar direitinho dela e alimentá-la a pão-de-ló, conversar calmamente com ela e a convencer, por a+b, que papai e mamãe erraram desde o início: a menininha e a artista não são inimigas, e pra falar a verdade, foram sempre a mesma pessoa.
Nos vemos todos lá.
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