Chego ao balcão da padaria e espero menos que 10 segundos. A atendente, lavando copos, me abre um sorriso do tamanhão do rosto dela: “Boa tarde, pode falar!” Já surpresa diante de tanta simpatia, peço um café pingado e um pão com manteiga. Tenho poucos minutos para driblar o apetite enquanto espero o horário da minha consulta no prédio ao lado. A padaria está cheia, como sempre. Ainda mais numa tarde fria, perfeita para um café bem quentinho e um pão fresco. E as meninas, as atendentes, numa felicidade que nunca presenciei.
Freqüentei essa mesma padaria um tempo atrás, quando trabalhava perto. Só tomava meu café ali porque o pão era (e ainda é) muito gostoso e eu estava sempre atrasada, portanto, era mais prático. Com o meu bom humor de sempre, chegava, dava aquele sonoro bom dia e o que eu recebia em troca era um olhar fulminante da balconista. Todos os dias. Em silêncio ela arrumava meu pão com manteiga, meu café com leite, colocava-os em cima do balcão e virava as costas. Ao sair, sempre me despedia e até hoje não sei se ela fingia que não escutava.
Em quase todos esses lugares é mais ou menos a mesma situação. Pessoas mal humoradas, tristes, mal pagas, mal tratadas pelos patrões, desrespeitadas de várias formas, acabam revelando suas dores e amarguras por meio de suas expressões (ou falta delas). Já vi das piores caras em diversos tipos de estabelecimentos, de supermercado a sorveteria, de manicure a floricultura, de loja de tintas a botequins, de clínicas médicas a restaurantes.
E eis que depois de muito tempo volto àquela mesma padaria e encontro um ambiente totalmente anormal, se comparado ao mau humor comum que reina no comércio e na prestação de serviços (salvo raríssimas exceções). Três balconistas sorridentes, conversando, cantando, brincando entre si e com os clientes, tratando as pessoas pelos nomes. Eu e uma mulher ao meu lado nos olhamos, sem acreditar no que víamos. “Nossa, gente, quanta felicidade nesse lugar”, ela disse. E lá de dentro veio esta: “É assim mesmo, trabalhamos sempre assim. Olha lá no caixa. A outra fica reclamando da gente, mas ela queria mesmo é estar aqui, rindo e cantando também, mas não pode”, brincou a balconista.
Saí da padaria rumo ao consultório médico tentando imaginar como seria a vida de cada uma daquelas mulheres. Com certeza, não muito diferente da vida de todas as outras e outros que são empregados neste tipo de estabelecimento. Madrugam para trabalhar, ajudam a família no sustento da casa, ou sustentam filhos sozinhos, fazem jornada tripla, ou quádrupla, ganham um salário daqueles que a gente praticamente paga pra trabalhar. Enfim, têm problemas como todo mundo e, por isso, teriam o direito a viver de cara feia, como todo mundo. Mas não. Fazem justamente o contrário e nem sei se têm consciência de que desta forma realmente conseguem tornar seus dias melhores. Só sei que conseguem.
Na verdade, naquele dia eu estava com um problemão na cabeça e foi extremamente reconfortante tomar aquele café com tanta alegria a minha volta. É isso aí. Nunca sabemos se quem está por perto precisa de uma palavra de carinho, apoio, sei lá. E ao sentir toda aquela energia positiva, concluí que nem tudo está perdido, mesmo. Seja qual for o motivo que possa me deixar de ‘bico’, a melhor solução, sempre, é encarar a vida com bom humor, já que cara feia não traz solução pra nada.
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7 comentários:
a lista de blogs é uma nova opção do layout do blogspot, é só adicionar o elemento "lista de blogs".
bjs
Legal Elaine, vou colocar o seu também junto aos nossos blogs parceiros. Adorei seu blog coletivo. Volte sempre, tá?
Beijos
hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....
Hummm...
Pingado e pão com manteiga
é tudo de bom! : )
Beijo de Minas,
doce de lira
Primeira vez que passei por aqui e já sei que virei sempre... Adorei as suas crônicas, principalmente essa, e pensar que eu acabei chegando nesse blog apenas por causa de uma lição de casa.
Continue assim,
beijos e abraços, Renata.
Olha, desculpe dizer, mas essa crônica é HORROROSA. é uma enrolação, é mal-escrita e não diz absolutamente coisa com coisa. Faça um curso para aprender a escrever ou simplesmente DESISTA!
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